Dokument-Nr. 17919
Becker, João Batista (Johannes Baptist) an Gasparri, Enrico
Porto Alegre, 08. Januar 1922

Exmo. e Revmo. Senhor.
Recebi as duas cartas de V. Excia. Revma. datadas uma de 26 e a outra de 28 de Dezembro proximo findo com relação ao recurso de allemães ao Ministerio dos Negocios Estrangeiros de Berlin e apresentado por este á Secretaria de Estado de Sua Santidade, que solicita de V. Excia informações a respeito.
Preliminarmente, devo informar a V. Excia que as queixas formuladas na primeira carta e na segunda parte da segunda carta, são a reproducção mais ou menos exacta de alguns artigos publicados com pseudonymos em jornaes allemães declaradamente hostis á Egreja Catholica, seu clero e instituições e dirigidos por lutheranos e um até por um pastor protestante. Um outro desses artigos, a pedido de alguem daqui, foi transcripto no Rio e consta-me tambem na Allemanha. Devido ao caracter desses jornaes e ás imputações claramente falsas ou torcidas, nenhuma pessoa sensata aqui ligou-lhes importancia, nem a imprensa nacional tomou nota, e por isso, nem eu achei necessario refutal-os, porque me parecia não valer a pena.
I. Referindo-me á primeira carta de V. Excia., respondo a cada um dos quesitos por V. Excia. formulados com referencia á situação religiosa dos catholicos allemães em geral. E certamente, não foram todos os allemães que apresentaram o referido recurso, porque com muitos, catholicos e protestantes, mantenho boas relações, nesta cidade.
a)"Circa l'assistenza religiosa rispetto sopra tutto all'uso della lingua tedesca nella predicazione e nelle scuole":
1) Em todas as parochias desta Archidiocese habitadas por allemães de nacionalidade ou de origem, os vigarios e coadjutores falam
54v
todos o idioma allemão e toda a prégação, orações e canticos, emquanto a liturgia o permitte, são feitos no mesmo idioma. Prégase tambem em portuguez onde parte da população não entende a lingua allemã. Ha, portanto, nos actos de culto, maxima liberdade.
2) Além disso, mando prégar periodicamente missões em lingua allemã nas citadas parochias por Padres Jesuitas ou Redemptoristas.
3) Ainda no anno passado, fundei uma residencia de missionarios allemães da Sagrada Familia, que começarão seus trabalhos neste anno.
4) Nas visitas pastoraes, eu pessoalmente prégo em allemão, onde a população não entende o portuguez, seja no seu conjuncto, seja em parte.
5) Ha parochias onde o sacerdote nunca préga em portuguez, porque ninguem ou pouquissimos entendem o idioma nacional.
6) No mez de Dezembro passado, pedi ao Sr. Cardeal Bertram de Breslau que me mandasse cerca de dez sacerdotes, porque tinha ouvido que na sua Diocese havia alguns que queriam vir e visto que os Padres Jesuitas, por falta de pessoal, pretendem entregar algumas parochias que até agora têm dirigido.
7) Quanto ás escolas catholicas, todos os seus professores são allemães ou de origem allemã.
8) A lingua allemã ensina-se obrigatoriamente, e tambem a lingua de ensino, isto é, a lingua que se fala nessas escolas, é a lingua allemã; todos os livros de ensino são quasi exclusivamente escriptos em allemão, ou em parte, para a devida intelligencia das crianças.
9) Já ha varios annos, eu mesmo compilei e a Curia Metropolitana editou um Catecismo e duas Historias Biblicas, uma maior e outra menor, em allemão, para uso das escolas, o que, aliás, fiz para as escolas e aulas de catecismo da zona italiana e cidades e religiões luso-brasileiras, isto é, publiquei os mencionados livros tambem tanto em italiano como em portuguez, portanto, nas tres linguas.
55r
10) Si logo após a publicação das Resoluções dos Bispos desta Provincia Ecclesiastica, houve alguma desintelligencia, fo[ra] isso devido á falta de explicação e de comprehensão; mas, acutalment[e] os sacerdotes, os professores e os fieis reconhecem que unicamente Bispos tinham em vista o bem dos catholicos.
11) Ainda ha poucos dias, a Directoria da Associação de Professores catholicos veiu pedir meu apoio para a fundação de uma escola normal, para preparar professores, e eu, de boa vontade, prometti m[eu] auxilio, de maneira que, em breve, será fundado um novo establecimen[to] sob a devida direcção da auctoridade ecclesiastica e com plena sati[s]facção [sic] dos sacerdotes e professores catholicos.
12) Desta sorte, o ensino catholico será perfeitamente organiz[a]do e não existe a menor difficuldade.
13) Em virtude de um accordo com o proprietario do jornal cath[o]lico "Deutsches Volksblatt", publica este semanalmente um grande suplemento dedicado exclusivamente aos interesses da Egreja e da Religião Catholica, sob a direcção de um redactor por mim nomeado.
14) Vê, pois, V. Exia. que a situação geral é optima.

b) A respeito da Capella de São José:
1) Envio a V. Excia. uma copia da exposição que fiz a V. Excia. anno passado, para informar a Sagrada Congregação do Concilio.
2) A exposição que a Directoria da Capella de S. José tinha ma[n]dado á referida Sagrada Congregação, existe em meu poder em lingua a[l]lemã, mas não existe a introducção á mesma escripta por Mons. Werhma[nn] em latim; mas na copia acima mencionada, acham-se incluidos os topi[cos] principaes.
3) Quanto á queixa "che avendo l'E. V. ritirati i diritti pastor[ali] ha privato la emunitá di S. Giuseppe di tutto il ministero spiritual[e] esercitato nella lingua materna e la espone al pericolo di doversi "[dis]sciogliere", devo declarar que tudo isto é simplesmente falso, pois nunca a Capella de S. José, como nenhuma outra egreja, foi privada do [u]so da lingua allemã, a não ser durante o tempo da guerra do Brasil [...] a Allemanha, por decreto do Governo da Republica, regulamentado pelo [Go]verno do Estado e por mim communicado ás respectivas parochias.
55v
4) A communidade de S. José mantém duas escolas, uma masculina e outra feminina, em que, com a maxima liberdade, cultiva a lingua, a mentalidade e o espirito allemão, o que V. Excia. poderá verificar pelo relatorio de 1922, Jahresbericht, que juntamente remetto.
5) Accresce que a escola feminina Marienschule foi fundada sob minha protecção.
6) No dia 31 de Dezembro ultimo, benzi e colloquei, pessoalmente, a pedra fundamental da nova Capella ou egreja de S. José, com satisfacção geral de toda a communidade. Ha 21 annos, tinham olanejado a nova capella. Actualmente funcciona numa sala do collegio.
c) V. Excia. deseja que lhe indique as principaes queixas que de mim fazem e, ao mesmo tempo, a sua refutação.
1) Não sei si no documento apresentado a V. Excia. se acham outras queixas, porém, nos jornaes supra mencionados, dizia-se, entre outras mentiras acima já refutadas, que eu tinha favorecido a eleição do Sr. Nilo Peçanha para Presidente da Republica, que era mação e candidato do Governo Deste Estado. Mas é certo que recommendei a todo o clero que naquella eleição, todos os sacerdotes conservassem absoluta imparcialidade.
2) Igualmente, diziam que tinha ordenado que a propriedade das escolas catholicas se passasse a mim. Mas justamente o contrario tinha eu declarado com os Bispos Suffraganeos nas Resoluções, isto é, que a propriedade das escolas devia ser das parochias e que o titulo devia ser passado em nome da Mitra, para garantia dos effeitos civis, visto não terem as parochias personalidade juridica, suppondo que os bens escolares não estivessem garantidos ao seu fim por outro meio legal.
3) Outras mentiras não vale a pena enumerar.
d) Quanto á data da prohibição do uso da lingua allemã, poderei dizer o seguinte:
1) O Governo Federal da Republica prohibiu o uso da lingua allemã em actos publicos, si não me engano, em Novembre de 1917. Em seguida, o Governo do Rio Grande encarregou-se de publicar essa prohibição no Estado. Antes, pórem, combinou comigo a formula geral da publicação e tambem affirmei a um emissario secreto do Governo Federal que a ab-
56r
rogação daquella lei prohibitiva deveria estender-se tanto aos [ca]tholicos como aos protestantes allemães.
2) Dirigi-me, mais de uma vez, ao Presidente do Estado, para mi [entre]gar essa lei, que era considerada pela Republica como uma medida de [be]ligerancia, segundo a expressão do proprio Presidente do Estado.
3) Em fins de Junho ou principio de Julho de 1918, o Preside[nte] do Estado conseguiu do Presidente da Republica a modificação daqu[ella] prohibição, no sentido de ser permittida a leitura de um sermão d[omi]nical, como tambem a recitação de orações e de se cantar no mesmo [i]dioma; isto foi communicado aos intendentes municipaes e a Curia o[...] vou ao conhecimento dos vigarios respectivos.
4) Depois de levantar-se o estado de sitio e de concluir-se tratado de paz com a Allemanha, essa medida de excepção continuou que o tratado de paz fosse depositado em Versalhes.
5) No tempo entre a conclusão da paz e a deposição do respect[ivo] contracto, parecia não haver necessidade de observar-se a lei de [pro]hibição do Governo da Republica a respeito do uso da lingua allemã. Por isso, dirigi-me, em 21 de Janeiro de 1919, ao Vice-Presidente [do] Estado em exercicio, pedindo-lhe, em carta extensa, que obtivesse a vogação daquella lei prohibitiva. Comtudo, a revogação só teve lo[...] depois das formalidades legaes acima referidas. Entretanto, houve [al]gumas pessoas que, mal informadas ou por maldade, me attribuiram [...] mim exclusivamente a prohibição da lingua allemã.
6) Vê, assim, V. Excia. que muito fiz em favor dos allemães, alé[m] que já foi referido no documento relativo á Capella de S. José e d[e] que a V. Excia. envio copia.
e) Quanto ao topico: "Accusano v. E. di favorire con certa violen[za] la disnaturalizzazione della mentalità e spirito tedesco, procura amalgamarla con la mentalità e spirito brasiliano", - devo dizer que segue:
1) Assim como a accusação está redigida, é simplesmente fals[a] e calumniosa.
2) Procurei introduzir o ensino da lingua portugueza nas esc[olas] catholicas das colonias allemãs, sem prejuizo do idioma allemão, p[or-]
56v
que todos o acham necessario, para que os catholicos de origem allemã possam defender seus proprios interesses, ser uteis á Egreja e ao Paiz.
3) Ha quasi uma queixa geral naquellas zonas da parte dos proprio[s] colonos, lamentando não saberem a lingua do Paiz, não obstante seus paes, avós e não raro bisavós já serem filhos do Brasil.
4) Devido a essa falta de conhecimento da lingua nacional, o Governo da Republica, do Estado e Municipios têm fundado muitas escolas nas zonas de populações de origem allemã, para nacionalizal-as, e desta maneira, é certo que a esses catholicos se prejudica não sómente a lingua allemã, mas, o que é peior, a propria Religião. É este, certamente, mais um motivo poderoso para ensinar-se a lingua portugueza nas escolas catholicas, para que o Governo não tenha motivo de prohibil-as.
5) Que meios violentos poderia eu empregar para desnaturalizar os catholicos allemães ou de origem allemã? Vê, pois, V. Excia. que essa accusação não passa de calumnia e intriga.
6) O mesmo fica provado pela exposição que fiz sob a epigraphe: Situação geral, etc.

II. A) Respondo agora ao primeiro trecho da segunda carta, o qual transcrevo integralmente: "Alla metà di Agosto p. p. l'Arcivescovo Mr. Becker ha imposto al Consiglio di fabbrica della parrochia una dichiarazione scritta, con cui la communità parrochiale si sottomette incondizionatamente alla decisione della S. C. del Concilio. Inoltre, egli ha voluto dal medesimo una dichiarazione in cui si fanno le più energiche proteste contro gli attacchi (ai quali, del resto, il Consiglio di fabbrica è completamente estraneo), che la stampa tedesca del Brasile aveva mosso per l'operato dell'Arcivescovo verso detto Consiglio.
Il Consiglio per ragioni di disciplina ecclesiastica ottemperò a simile ingiunzione. Però la nuova misura dell'Arcivescovo aveva provocato nella colonia tedesca una tale indignazione che prima di quel-
57r
la dichiarazione uno dei Consiglieri si dimise dal suo officio e altri significarono al Cappellano di aver dato la dichiarazione [stes]sa soltanto a causa della costrizione morale".
1) O trecho citado fala de parochia de S. José, mas está claro a Capella de S. José nunca foi nem é parochia.
2) É falso que eu tivesse exigido uma declaração escripta o [ge]ral do Conselho de fabrica da Capella de S. José que se submettessem [in]condicionalmente á decisão da Sagrada Congregação do Concilio.
3) Nem é verdade que, em seguida, exigi um protesto do mesmo [Con]selho contra os ataques que alguns jornaes me dirigiram, nem foi t[...] imprensa allemã, porque sei que um até repelliu esses injustos at[aques] sem minha interferencia.
4) Mas a verdade é esta. Como eu tinha dicto, em conversa, ao [...]lão que era conveniente que os representantes da Communidade accu[sas]sem o recebimento da decisão da Santa Sé, visto que elles lhe tin[ha] dirigido o Memorial respectivo, e que elles manifestassem sua des[...]vação aos artigos contra mim dirigidos, em um dos quaes tambem a [...]. Sé fôra insultada, o mesmo Capellão insinuou isto aos dictos rep[resen]tantes, como cousa conveniente e não como por mim imposta, nem of[i]cialmente.
5) Depois, recebi o seguinte officio, assignado por nove rep[resen]tantes, que rebate a assersão dos meus detractores:
"Os abaixo assignados, membros da Directoria da Communidade d[e S. ] José, vêm respeitosamente declarar a V. Exc. Revma. que, na reunião [...] de Maio p. p. tomaram conhecimento da decisão da Sagrada Congregaçã[o no] Concilio de 18 de Março do corrente anno, e que, com filial submis[são] acolheram esta decisão. Aproveitam a opportunidade para declarar [que] reprovam e condemnam os artigos injuriosos referentes a V. Exc. Revm[a] á Santa Sé, publicados ultimamente em diversos jornaes. - Queira [V. Excia.] Revma. acceitar os nossos mais altos protestos de veneração e estima.
Deus guarde a V. Exc. Revma. - Porto Alegre, 23 de Agosto de 1922."
57v
6) É bom notar que eu mandei, logo depois da chegada da decisão d[e] Santa Sé, uma copia com a respectiva communicação sem commentarios ao Capellão, porque eu não tinha recebido communicação official do recebimento. E ainda mais, o dicto artigo injurioso apparentava defender a Capella de S. José, insultando a Santa Sé e a mim.
7) Si, de facto, sahiu um membro da Directoria da Capella de S. José, sahiu mezes antes de Agosto, e não pelo motivo allegado, mas por outro muito differente, e este mesmo membro continua a ser, como sempre, presidente das obras da nova Capella.
8) É falso tambem que os outros Conselheiros declarassem ao Capellão de haverem feito a declaração sómente por causa de constrangimento moral.
9) É falso tambem que a referida medida, que, aliás, não chegou ao conhecimento do publico, tivesse provocado indignação na colonia allemã.
10) Não foi por causa dessa declaração, que alguns jornaes escreveram aquelles artigos, porque foram anteriores á mesma.
11) Para poder informar com toda a exactidão a V. Excia., chamei o Capellão e ouvi-o sobre todos estes pontos, sem dizer a elle o motivo da minha indagação e no meio de outras perguntas.
B) Transcrevo a segunda parte: "Per caratterizzare l'Arcivescovo Becker mi permetto di aggiungere che egli verso la metà del corrente anno, in una predica fatta in presenza di coloni tedeschi consigliò ai suoi udittori di non dar più nulla per i bisognosi della Germania e di destinare invece le loro obblazioni per la fabbrica della sua Cattedrale".
1) Supponhamos que, de facto, ipsis verbis, eu pronunciasse a phrase acima, teria eu então commettido, por ventura, algum delicto contra justitiam ou contra caritatem? Pois, eu tenho de construir a Cathedral de Porto Alegre por obrigação do meu munus episcopal, visto que a Cathedral desta Archidiocese, desde a fundação da antiga Diocese de S. Pedro do Rio Grande do Sul, em 1848, continua a funccionar sempre provisoriamente na velha egreja matriz de N. S. Madre de Deus, templo pequeno e que não corresponde ao seu fim. Além disso, é com esmolas dos fieis catholicos desta Archidiocese, aliás não rica, que o novo templo se deve construir.
58r
2) A Archidiocese offereceu, nos ultimos annos, quantias impo[r]tantes para as neccesidades da Allemanha e julgo não errar, dizend[o] que o total ascendeu acima de cem contos de réis.
3) Mas não proferi aquella phrase, porém disse cousa diversa Louvei a caridade dos catholicos que, havia pouco tempo, tinham offe[n]do a dous sacerdotes allemães por mim auctorizados e recommendados a quantia de 53 contos. Accrescentei que, por emquanto era bastant[e] e que não dessem esmolas a pessoas não auctorizadas, para evitar ex[tra] rações, como já tinha acontecido, mas que obedecessem ás instrucçõe[s] da Curia, que transmittiria, como sempre, os desejos do Santo Padre, rantindo a entrega das esmolas ao seu legitimo destino. Ainda diss[e] que tambem se lembrassem das obras da Archidiocese, dos nossos asy[lados] [sic] e orphanatos [sic], e principalmente, da nossa Cathedral, egreja mãe de t[...] a Archidiocese, para a qual todos deviam contribuir. Seria isto u[ma] falta? - Em 7. 4. 22, a Directoria do Caritasverband, Friburgo, me agra[...] o estraordinario auxilio prestado aos seus Delegados na collecta d[as] molas na Archidiocese.
É a isto que se reduz a reclamação do Ministerio germanico.
Julgo não errar, suppondo que nesta campanha diffamatoria dirig[ida] á minha humilde pessoa, cooperasse um certo sacerdote, Dr. Timpe, r[e]presentante de uma associação do germanismo (Deutschtum) para o estrangeiro e que em 1921, andou algum tempo por este Estado, em comp[a]nhia de um protestante, visitando as escolas coloniaes catholicas, [...] si fossem ainda uma dependencia da Allemanha. O mesmo Dr. Timpe nunc[a] usou trajes sacerdotaes e andava, com chapéo branco de palha na cab[e]ça, com o referido protestante, pelas colonias e pela capital, sem dificação alguma para os catholicos. É elle irmão de um Padre Tim[oteo] Pallottino, secretario do Raphaelsverein em Hamburgo, contra o qua[l] um sacerdote allemão que no mez passado recebi nesta Archidiocese, mulou amargas queixas, por não lhe ter dispensado as attenções a qu[eixa] tinha direito.
59r
Foi o mesmo Pallottino Padre Timpe que, em 1921, dirigiu o Memorial da Capella de S. José, na falta de Monsenhor Werthmann, á Santa Sé. Seriam estes e os articulistas pseudonymos os auctores da accusação?
Si taes são os meus accusadores e detractores, não sei si deverei admirar mais a felonia delles ou o recurso de Berlin.
É de lamentar que certos espiritos procurem perturbar o estado prospero e o desenvolvimento desta Archidiocese por meio de torpes intrigas, e estou certo que não poderão illudir a Santa Sé. Pois, em 31 de Janeiro de 1922, Sua Eminencia o Sr. Cardeal De Lai me escreveu em resposta ao, eu Relatorio diocesano:
"Responsa quae accurate anno 1920 reddidisti S. huic Congregationi, eximium argumentum exhibuerunt navitatis qua pastoralia munia imples, et zeli quo sortes plebis tibi commissae tueris. Dum itaque sincera laus A. T. Revmae. de hoc tribuitur, libet pro futuro uberiora quaeque ex tua perspecta sollicitudine expectare; idque eo vel magis sperandum adiutorum tuorum assidua est opera, ut, scriptis et sermone, grex christianus a periculis avertatur, et quidquid suae religionis incolumitati sit noxium, devitet".
Sou e prezo-me de ser Bispo catholico e brasileiro, e estarei prompto para defender, a custo do meu sangue, a doutrina e as instituições da Santa Egreja e o prestigio da Santa Sé: Pro Ecclesia et Pontifice. As minhas pastoraes e os meus discursos impresos que tenho feito nas circumstancias mais solemnes e diversas, dão testemunho do meu modo de agir. Tudo isso, naturalmente, não agrada nem póde agradar aos coripheus do protestantismo lutherano e aos inimigos da Egreja.
Eis, Exmo. e Revmo. Senhor, o que me occorre dizer com relação ás duas cartas de V. Excia. Confio, portanto, que me seja feita justiça.

Aproveito o ensejo para reiterar a V. Excia. os meus sentimentos da mais affectuosa estima e distincta consideração.
De V. Excia. Revma. 
Amo e servo revmo +João, Arcebispo de P. Alegre.
Empfohlene Zitierweise
Becker, João Batista (Johannes Baptist) an Gasparri, Enrico vom 08. Januar 1922, Anlage, in: 'Kritische Online-Edition der Nuntiaturberichte Eugenio Pacellis (1917-1929)', Dokument Nr. 17919, URL: www.pacelli-edition.de/Dokument/17919. Letzter Zugriff am: 06.05.2024.
Online seit 16.10.2015.